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Crise de pânico e depressão: o que é, quais sintomas e como controlar.

Nunca fui uma pessoa medrosa, adoro velocidade, viajar sozinha, morava sozinha, amo filme de terror… Então pense como minha cabeça ficou quando o simples fato de ter que ir tomar banho me dava vontade de chorar, porque sabia que ia estar numa situação “vulnerável”. 

Na minha cabeça, lá estaria eu, sozinha, nua, molhada e se acontecesse algo eu não teria tempo de me vestir e correr. 

Tudo começou quando minha mãe passou mal e ficou na CTI no Brasil e eu aqui em NY. (Farei um post contando sobre isso). Meu voo levou 20h para chegar ao Rio e eu não consegui dormir nem por 1 segundo, só sabia chorar, não comia, não bebia água, só orava. 

Quando cheguei ao Brasil já estava muito cansada, fui direto pro hospital e tive um baque quando a doutora me disse que teria que me preparar para me despedir da minha mãe. 

Quando cheguei para visitá-la ela já estava entubada e sedada e todo o período em que fiquei no Brasil não tive a chance de vê-la bem, de conversar com ela. Os dias foram passando, nada dela melhorar, ver a tristeza dos meus irmão e pessoas que amo me destruía. Eu me sentia culpada por estar longe, por não ter chegado a tempo de ouvir dela o que aconteceu … Eu havia muitas perguntas e nenhuma resposta. 

Quem mora longe da família sabe como é difícil, bate saudades, bate dúvidas de se vale a pena estar longe de quem se ama. Soma isso as dificuldades que enfrentamos em um país novo, sozinha, com inúmeros sonhos e várias barreiras. 

Juntou isso e o que aconteceu com minha mãe, aí a crise veio de uma vez só. 

Estou aqui em Nova Iorque há 2 anos, perdi 2 natais, inúmeros aniversários de amigos e familiares, … e temos altos e baixos na vida. O povo acha que só porque mora nos Estados Unidos que está em uma colônia de férias, hahaha. Quando se veem de férias isso aqui é um paraíso mas quando mora, é outros quinhentos. Você começa a ter rotina, despesas, responsabilidades, você percebe a diferença cultural, as dificuldades e problemas do país. 

Então eu já estava naquela fase de pensar o que quero pra minha vida? é aqui mesmo que quero ficar? Meu visto de estudante vence daqui há 1 ano e aí o que farei? …

Durante um culto na igreja onde já estava muito fraca, me coloquei em uma situação onde requeria mais força. E eu simplesmente estava topando qualquer coisa para salvar minha mãe, só queria resolver aquilo, fazer a minha parte. Mas, meu corpo resolveu pedir socorro. E durante o culto tive a primeira intensa crise de pânico, meu corpo tremia tanto que eu não conseguia andar, tive que sair carregada de cadeiras de rodas, parecia que eu estava sendo eletrocutada acordada.

Eu já estava escondendo que estava tendo alucinações, que ouvia vozes, que estava vendo vultos, todas as vezes que eu fechava meus olhos eu me via sendo sendo puxada por um furacão negro, sendo empurrada da escada. (Por isso eu não dormia, para não ver essas coisas).

Tinha medo de ficar sozinha, precisava de alguém pra ir comigo ao banheiro, pra passar pelo corredor lá de casa, pra ficar acordado comigo à noite toda… Mas, na frente dos meus irmão e das minhas tias, eu fazia a forte, dizia que estava tudo bem, vamos focar, continuar orando, afinal todo mundo estava acostumado a me ver sendo a mais forte, independente, bem resolvida e é aí que mora o perigo porque aquilo que não dizemos acumula-se no corpo, transformando-se em medo, nós na garganta, nostalgia, dúvidas, insatisfações e tristezas. O que não dizemos não morre… Mata-nos.

Quando voltei pra Nova Iorque, essas coisas da minha cabeça continuaram. Aí percebi que precisava de ajuda, pois dentro de mim eu achava que era porque eu estava exposta aquela situação, onde todos estavam fragilizados e eu estava tipo que absorvendo toda aquela negatividade. Mas, quando cheguei aqui e não passou, não tinha vontade de comer, de trabalhar, de viver, eu estava tão cansada, destruída psicologicamente que eu só queria dar um fim aquilo. 

Comecei a tomar remédio para dormir,  o stress me dava febre, vivia com dor de cabeça, a noite meu corpo empolava todinho, sentia falta de ar do nada, tremedeira. Comecei a procurar na internet o que aqueles sintomas significavam e vi que era crise de pânico, depressão, crise de ansiedade.

Eu cheguei a achar que estava possuída 👿 pois falei pra minha chefe que não ia conseguir ir trabalhar e expliquei o porquê. Ela me disse que já havia passado por isso e que foi muito difícil tirar o demônio do corpo dela. Disse que levou quase 1 ano para ela parar de ver coisas, pra ir voltando ao normal. 

Entrei em desespero. Perguntei a ela o que ela fez. “Use incenso diariamente na casa, e enquanto vai andando com o incenso vai orando pois o inimigo não tolera a palavra de Deus” 

Ela me deu um óleo para passar na testa, e uma garrafinha com água benta para passar no peito. Fiz tudo isso, mas ainda sentia muito medo de ficar em casa e cada vez que eu fazia esse ritual mais assustada eu ficava.

Resolvi testar outras coisas. Li que meditação e exercícios físicos ajudavam. Me matriculei na academia e comecei a fazer aula de yoga, meditação e malhação todos os dias. 

Com a malhação comecei a voltar a sentir fome e sede. A meditação me ajudou a controlar meus pensamentos. A yoga me ajudava a relaxar a tensão do meu corpo. 

Quando percebi… já estava mais animada para fazer as coisas, ficava tão cansada depois de malhar e comer que cochilava no sofá mesmo. 

Durante esse processo encontrei outro vicio que me ajudou muito a querer voltar a viver e planejar meu futuro: livros 📕📗📘📙

É uma batalha diária pois é uma doença silenciosa, um dia você está bem e no dia seguinte acorda e não quer nem ver a luz do dia. Dorme cheia de sonhos e projetos e acorda sem vontade de querer viver. 

Acho que o principal conselho para quem está passando por isso é assumir que precisa de ajuda, ouça seu corpo, cuide da sua mente, se afaste de pessoas e coisas tóxicas, substitua sedentarismo por exercício, escute musicas que você gosta, que te causam alegria, paz. Ore e tenha fé que o amanhã será melhor do que ontem. 

E lembre-se; A depressão, a ansiedade e as crises de pânico, não são sinais de que você é fraco. São sinais de que você permaneceu forte por muito tempo.

Muitas pessoas não entendem, acham que é frescura pois é uma batalha interna, parece que você está com defeito e que não consegue organizar e controlar seus pensamentos. É um nó no estômago que te impede de respirar completamente, mas por fora você parece normal. É uma mistura de cansaço com medo, é ter medo de fracassar e uma necessidade de ser produtivo, é querer ter amigos mas não ter vontade de socializar, é querer ficar sozinho mas não ser solitário, é sentir inúmeras coisas ao mesmo tempo e se sentir paralisado.

Mas graças a Deus, tem como controlar, basta ter disciplina, se ajudar, procurar ajuda.

 

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